Declaração de Jerónimo de Sousa
Secretário-Geral do PCP

Basta de mentiras <br>para justificar mais sacrifícios

Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, apresentou em conferência de imprensa, na sexta-feira, 16, uma declaração sobre a «situação do País três anos após o pacto de agressão, a mentira da “saída limpa” e a política alternativa» que a seguir se transcreve na íntegra.

É preciso pôr fim ao inaceitável sofrimento de milhões de portugueses

Image 15985

1. A anunciada conclusão do chamado «programa de assistência financeira» constitui a maior mentira de todas as mentiras que têm acompanhado a imposição aos trabalhadores e ao povo de um verdadeiro pacto de agressão que acentuou brutalmente o rumo de declínio económico, retrocesso social e dependência do País.

Não há nem uma saída e muito menos uma saída limpa da situação de exploração, empobrecimento e capitulação nacional que tem sido imposta a coberto do acordo subscrito com a troika.

A verdade irrefutável é que o Governo prepara, com a cumplicidade do PS, no momento da conclusão formal do chamado «programa de assistência financeira» a sua substituição por um qualquer outro instrumento para perpetuar esta política que impede o desenvolvimento soberano de Portugal.

2. Mais uma vez, e pelas piores razões, a vida deu e dá razão ao PCP. Há três anos (mais precisamente a 5 de Maio de 2011) enfrentando a colossal operação ideológica lançada pelos círculos do grande capital sobre uma alegada bancarrota e o necessário pedido de «ajuda» externa, o PCP alertou para o que essa intervenção significaria: não uma resposta para dar solução aos reais problemas do País mas sim «uma inaceitável atitude de abdicação e submissão nacional» que só contribuiria para «justificar mais exploração, injustiças e pobreza».

Três anos passados, o que então se alertou é confirmado mesmo por declarações de círculos próximos dos centros de decisão da União Europeia como se ouviu agora pela voz de um ex-conselheiro de Durão Barroso ao afirmar que a ajuda a Portugal resgatou a banca alemã.

Três anos passados o que então se preveniu – «mais recessão, mais dívida, mais desemprego» a par de «um milionário programa de apoio e garantias a banqueiros e monopolistas» – tem amarga confirmação na vida.

Mais 670 mil desempregados, 470 mil empregos destruídos, seiscentos mil portugueses lançados na pobreza (elevando para quase três milhões o seu número total), uma recessão sem precedentes desde a 2.ª Guerra Mundial superior a 6 %, mais de 200 mil portugueses condenados a uma emigração forçada, quase 100 mil empresas liquidadas, um País mais endividado e sujeito a um serviço da dívida insustentável, entrega ao grande capital (sobretudo estrangeiro) de empresas e sectores estratégicos indispensáveis ao desenvolvimento do País, destruição de serviços públicos e das funções sociais do Estado – é este o balanço dos anos de 2011, 2012 e 2013 no qual o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas encontram as razões para abrirem garrafas de champanhe e afirmarem a sua satisfação pelo dever cumprido.

Um balanço inseparável da política de direita e em particular do que, cumulativamente, primeiro com os PEC da responsabilidade do governo PS e depois com o pacto de agressão (do qual o PEC IV foi um esboço) uniu PS, PSD e CDS na sua subscrição e teve no Governo de Passos e Portas o seu principal executor.

Uma política que, como o PCP alertou, constituiu um verdadeiro golpe contra o regime democrático, a soberania de decisão do povo português e a independência nacional, em sistemático confronto com a Constituição da República e a activa cumplicidade do Presidente da República. A reiterada acção de um governo e uma política à margem da lei pôs em causa não só o regular funcionamento das instituições, como evidenciaram a sua incompatibilidade com o regime constitucional.

Para os trabalhadores e o povo português, este foi o mais negro período da vida do País desde os tempos do fascismo. O mesmo não se pode dizer dos banqueiros, especuladores e accionistas dos grupos económicos que viram as sua fortunas crescer de forma escandalosa beneficiando da especulação em torno da dívida pública, das privatizações, dos milhões entregues para a recapitalização da banca, das Parcerias Público Privadas e dos contratos SWAP.

3. Ao contrário do que toda a propaganda quer fazer crer não há nem saída, e muito menos limpa, do abismo económico e social para o qual atiraram o País.

Não há saída porque como o Documento de Estratégia Orçamental (2014-2018) determina e explica, desmentindo as cínicas e falsas afirmações do primeiro-ministro, a política que o Governo pretende seguir para os próximos anos é de mais cortes nos salários e pensões tornando o que era transitório e excepcional em definitivo e ordinário, mais impostos sobre os trabalhadores e o povo (de que é exemplo o aumento da TSU e do IVA), maior redução nos direitos à saúde, à educação e à protecção social, no quadro de um crescimento económico quanto muito residual, de uma taxa de desemprego insuportável, em que o grande capital e os grupos económicos continuam a beneficiar de mais privilégios, apoios e benefícios fiscais.

Não há saída quando, confessadamente, não só se admite que a actual política de desastre é para manter por mais 20 anos, como afirma o Presidente da República, e quando está anunciado que até 2038 a troika vigiará e assegurará que o processo de exploração e empobrecimento do País e dos portugueses continue em benefício dos especuladores e do grande capital transnacional. O que Governo, e também o PS omitem, é que a pretexto da chamada consolidação orçamental que pretensamente advogam, não só Portugal não está «livre» como continuará num regime de liberdade condicional e sob escrutínio dos especuladores e do grande capital.

E muito menos uma saída «limpa» quando o rasto de destruição económica e social não só aí está para demolir essa afirmação, como o que se projecta é o prosseguimento de um processo para fazer pagar por milhões de portugueses o que o grande capital ambiciona continuar a ganhar com a especulação sobre o País, particularmente sobre a sua dívida pública, e o saque dos seus recursos e riqueza produzida.

4. O que se prepara em nome de uma falsa saída são as condições e instrumentos para manter Portugal submetido ao espartilho do défice e da dívida e sujeito à ditadura do que agora designam por mercados. No passado recente com os PEC e o pacto de agressão subscrito pelas troikas nacional e estrangeira; no futuro por via do Euro e do Tratado Orçamental que PSD, CDS e PS aprovaram e ambicionam utilizar para perpetuar a mesma política.

Um Tratado que, imposto pelo eixo franco-alemão em nome dos interesses do grande capital europeu, visa institucionalizar o neoliberalismo como política única da União Europeia e que está assumido como o instrumento para dar continuidade ao objectivo de extorsão dos povos, de aumento de exploração e de liquidação de direitos que o aprofundamento da integração capitalista da União Europeia visa assegurar.

Simultaneamente o PCP, tal como fez antes da entrada de Portugal na CEE, tal como o fez antes da adesão ao Euro, tal como fez quando da assinatura do pacto de agressão, alerta também agora para que a manobra que está em curso não aliviará, antes pelo contrário, agravará o sufoco que está a ser imposto ao País.

5. É preciso dizer Basta! de exploração e injustiças. Basta de mentiras para justificar mais sacrifícios. É preciso pôr fim ao inaceitável sofrimento que está a entrar na casa de milhões de portugueses.

O PCP reafirma que não há saída para os problemas nacionais, nem desenvolvimento soberano e independente no interesse dos trabalhadores e do povo sem a imediata renegociação – nos seus prazos, juros e montantes – de uma dívida insustentável, rejeitando a sua parte ilegítima e negociando um serviço de dívida compatível com o crescimento económico.

Não há nem haverá saída sem a renúncia ao Tratado Orçamental e às suas imposições de expropriação de poder orçamental aos estados-membros e de fixação de objectivos subordinados ao domínio do Euro e das potências que hegemonizam a integração capitalista da União Europeia.

Não há nem haverá saída sem a concretização de uma política que recupere para o Estado o controlo de empresas e sectores estratégicos, aposte na defesa do aparelho produtivo e no aumento da produção nacional, valorize os trabalhadores e os seus rendimentos, devolva salários, pensões e direitos roubados, defenda os serviços públicos e assegure efectivamente as funções sociais do Estado, adopte uma política que combata a injustiça fiscal, que afirme a soberania e a independência nacionais como valores inalienáveis.

Não há nem haverá saída sem a derrota deste Governo, a sua demissão e a convocação de eleições; não há nem haverá saída sem uma ruptura com a política de direita que há mais de 37 anos, ora por mão do PS, ora pelo PSD, com ou sem CDS, arrastou Portugal para a actual situação.

Não há nem haverá saída sem a concretização de uma política patriótica e de esquerda.

6. A pouco mais de uma semana das eleições para o Parlamento Europeu os trabalhadores e o povo têm a oportunidade de, com o seu apoio e o voto na CDU, dar mais força à defesa dos interesses do País, condenar a política das troikas, afirmar a sua exigência de uma política patriótica e de esquerda que inscreva os valores de Abril no futuro de Portugal.

O PCP salienta a importância e a oportunidade que as eleições do próximo dia 25 de Maio constituem, com o voto na CDU, para condenar o actual rumo da política nacional e para assegurar a ruptura necessária à recuperação dos direitos e rendimentos e à afirmação do direito de Portugal e dos portugueses optarem livremente por um desenvolvimento soberano e independente.




Mais artigos de: Eleições PE

Em defesa do povo e do País

A poucos dias das eleições para o Parlamento Europeu, que se realizam no próximo domingo, 25 o tempo é de intensificar esforços para esclarecer e mobilizar para o voto na CDU. Até ao último minuto.

 

Em defesa da produção nacional

Em contacto com trabalhadores e populações nos distritos de Lisboa e Setúbal, o primeiro candidato da CDU ao Parlamento Europeu defendeu a produção nacional nos sectores ferroviário e naval.

Travar a política de miséria

Inês Zuber esteve, na segunda-feira, no distrito de Braga, tendo visitado a Associação «A Bogalha» e a Associação de Reformados de Guimarães. A segunda candidata da lista da CDU às eleições para o Parlamento Europeu (PE) contactou ainda com trabalhadoras do sector têxtil e com a população e comerciantes de Vizela.

 

Devolver direitos<br>e rendimentos roubados

Num almoço na Amadora, realizado no domingo, 18, João Ferreira voltou a defender a devolução aos trabalhadores e ao povo dos direitos e rendimentos que lhes foram roubados.

Cresce onda de apoio e confiança

Está a crescer o apoio popular à CDU. Sábado passado, 17, no Barreiro, um grande comício com mais de mil pessoas testemunhou, a meio da campanha oficial – e no dia da anunciada «saída limpa» do chamado programa de intervenção da troika –, como, a cada dia que passa, enche mais e mais essa vaga formada pelos que encontram na Coligação a única força que verdadeiramente defende na União Europeia os interesses de Portugal e dos portugueses.

Derrotar a política de direita

Jerónimo de Sousa percorreu no dia 16 de Maio o distrito de Santarém. A primeira paragem aconteceu no Couço. O Secretário-geral do PCP jantou ainda em Benavente e participou num comício na cidade de Santarém.

 

CDU sem comparações

Évora, Vendas Novas e Montemor-o-Novo foram os concelhos por onde passou, no dia 15 de Maio, João Ferreira, cabeça de lista da CDU às eleições para o Parlamento Europeu (PE).

 

Quem luta vota na CDU

A segunda candidata da CDU às eleições do próximo domingo constatou, dia 14, em Sintra, que a luta levada a cabo pelos trabalhadores e a população vai traduzir-se em votos na CDU.

 

CDU mais forte no Norte

Na sexta-feira, um concorrido e animado jantar de apoiantes da CDU encerrou este dia de campanha no distrito de Braga, que contou com a presença de João Ferreira e de Carla Cruz, primeiro e quinto candidatos às eleições para o Parlamento Europeu,...

A CDU defende os Açores

Catia Benedetti, candidata dos Açores na lista da CDU ao Parlamento Europeu (PE), apresentou no dia 16 o Manifesto da CDU para os Açores, em que se inclui as propostas específicas da Coligação para enfrentar os problemas da região autónoma, no âmbito de...

Olhos nos olhos

Os candidatos da CDU Miguel Viegas e Adelino Nunes estiveram no fim-de-semana em acções de campanha no distrito de Aveiro, sempre acompanhados por muitos activistas da Coligação. O domingo foi passado no concelho de Sever do Vouga, com contactos no centro da vila e visita à feira das...

Defender os emigrantes

Activistas da CDU desdobraram-se, no domingo, 18, em contactos com a comunidade portuguesa no Luxemburgo. Entre os participantes encontravam-se os responsáveis pelas organizações do PCP na Bélgica e no Luxemburgo, Ricardo Marques e António Ribeiro, que não pouparam...

TC dá razão à CDU

O Tribunal Constitucional emitiu, no dia 19 de Maio, um acórdão onde condena a retirada de propaganda política da CDU por parte da Câmara do Porto. Esta decisão acontece depois de a CDU ter apresentado uma reclamação junto da Comissão Nacional de...